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  • Foto do escritorDanilo España

DO OURO NO JIU-JÍTSU AO OURO DOS INCAS


Nosso passeio ao centro de Lima começou de um jeito super diferente. Saímos de casa para pegar o sistema metropolitano de ônibus – um corredor gigante que corta o centro da cidade e leva até suas principais regiões. Ao chegar no guichê, fomos informados que precisávamos de um cartão magnético, mas quando soube que íamos passar apenas 2 dias na cidade, a própria atendente se adiantou pedindo que o próximo da fila nos ajudasse emprestando seu cartão.


Luis Candiotti imediatamente se propôs a ajudar. Demos 5 soles para que ele carregasse seu cartão e passamos juntos na catraca. Desse momento em diante, acreditem vocês, passamos em torno de 4 horas juntos.


Luis é professor de Jiu-jítsu e dono da Sniper; uma escola de artes marciais. Estávamos em uma quarta-feira e naquele sábado ele faria um campeonato em Lima, contando inclusive com 2 lutadores do Brasil. O papo rolou numa sintonia super bacana, mesmo os 3 estando em um ônibus bem lotado.



Trocamos cartões, fotos improvisadas e a certa altura descobrimos estar rumando para lugares próximos da cidade. Luis ia buscar 180 medalhas que havia encomendado para o campeonato. “Por que vocês não me acompanham e depois mostro um pouco do centro pra vocês?” – lançou.


Talvez em outros tempos teríamos focado em nosso planejamento, mas resolvemos entrar no “flow”. Mergulhamos juntos no centrão de Lima e fomos parar em uma dessas galerias gigantes com todos os artigos imagináveis do mundo esportivo. Um lugar bem simples mas que oferece preços imbatíveis, como ele nos contou.


Munidos das pesadas medalhas, andamos alguns quarteirões a caminho das atrações turísticas. Estava visivelmente empolgado em compartilhar um pouco sobre a cultura da sua terra. Entre os lugares que visitamos, tivemos a sorte de passar na frente do Museu Banco Central de Reserva del Perú, bem no dia que é gratuito. Luis não conhecia esse museu, então aproveitou a oportunidade. “Precisei que brasileiros me trouxessem aqui para conhecer” – riu.

Curtimos juntos o maravilhoso legado Inca e pré-Inca. O tempo havia passado… e assim como entrou em nossa vida, nosso novo amigo de algumas horas, sumiu na poeira para voltar à organização do campeonato. Nos abraçamos e o sentimento dos 3 foi de gratidão pelo compartilhamento do tempo.


Ainda no ônibus perguntei por que havia seguido a carreira de lutador e quais os aprendizados. “Não pratico o esporte para machucar aos outros ou me machucar, pelo contrário, a luta me traz paz, descarrega e recarrega as energias. O Jiu-jítsu me ensinou harmonia, equilíbrio e leveza”. Ele hoje não compete mais mas ensina muitos jovens, através dos quais se realiza. “Já ajudei muitos jovens e adolescentes a controlar e baixar sua agressividade. Acho que a luta confere um senso de ética para os que praticam. As artes marciais transformam os lutadores em seres humanos melhores. E assim me sinto contribuindo com o mundo!”


Acho que esse mesmo sentimento de leveza com a vida fez com que Luis fluísse conosco por tantas horas do seu dia. E nós, por outro lado, também entramos nesse flow. Os 3 ganharam! Acredito que a vida retribui àqueles que a vivem de braços abertos e acaba aproximando pessoas que estão em uma mesma vibração. Pura sincronicidade!



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