Nossa pasagem pela índia foi uma verdadeira surpresa, escolhemos a capital para nossa chegada ao país, mesmo tendo em mente conhecer outras regiões próximas, como o Rajastão por exemplo. Mas na índia as coisas não são tão simples quanto parecem. Ao chegarmos no aerporto – muito bonito e moderno – ficamos entusiasmados e ansiosos pelo que nos esperava, na saída um metrô liga o terminal de passageiros ao centro da cidade, tudo muito fácil até emergirmos na Estação central de Nova Délhi.
Era noite e para chegar no hotel que já tínhamos reservado precisamos insistir muito ao motorista do Tuk-Tuk (foto) pois ele queria nos levar para outro hotel; onde provavelmente ganharia algo pela “indicação”.
No caminho o trânsito maluco não nos impressionou tanto quanto o cenário de pobreza e abandono das pessoas. Os faróis dos carros iluminavam os rostos de homens e mulheres circulando como zumbis, muitos vestindo roupas esfarrapadas, andavam a pé, nas charretes, nos tuk-tuks, carros e carroças que se espalhavam e se misturavam aleatoriamente pelas ruas. O mal cheiro já deu seu sinal logo nos primeiros metros, algo que teríamos que nos acostumar, já que urinar nas ruas é tão comum quanto em qualquer outro lugar.
A poeira do bairro de Pahar Gunj – região “hoteleira” da cidade – entrava em nossos olhos e narizes fixando o mal cheiro. Escohemos essa região por ser próxima a estação de trem principal, certamente não era a melhor, mas optamos pela suposta facilidade, que não veio a se concretizar pois a burocracia para reservar os trens não estava no script… no dia seguinte com a luz do dia foi que conseguimos ver a quantidade de lixo, dejetos e objetos não identificados que também marcavam presença até mesmo nas próprias estações de trem. Parecia filme de guerra, centenas de pessoas em situção deplorável nas dependências da estação central (New Delhi Railway Station), o fedor misturado ao calor de 45 graus não é lá muito agradável, com moscas nos rondando assim como as feridas das pessoas que estavam jogadas pelo chão, deitadas com crianças, sacolas e trouxas de pano que usavam pra carregar o que tinham. Não era guerra… era um dia comum em Nova Délhi.
Então decidimos primeiramente conhecer os principais pontos de Nova Délhi que foram: o Red Fort, construido em 1648 pelo rei Shahjaha que foi o mesmo rei responsável pela construcão do Taj Mahal; o Lotus Flower Temple que é o edifíco mais visitado do mundo, pertence a religião Bahai e simboliza a tolerância religiosa, portanto permite a entrada de visitantes de qualquer religião; o India Gate, que lembra muito o formato do arco do triunfo na França; o Humayun`s Tomb, que é a primeira tumba-jardim construída no sub-continente indiano declarada patrimônio mundia pela UNESCO em 1993; Jantar Mantar que é um conjunto de instrumentos astronômicos para observar os movimentos do sol, da lua e dos planetas feito em 1724; o Dilli Haat trata-se de um mercado de produtos típicos feito para turistas e o Raj Ghat, este último é um memorial para Mahatma Gandhi.
E isso foi tudo o que fizemos em nossa passagem pela Índia pois tivemos que aproveitar bem os dias que conseguimos sair do hotel, pois obviamente passamos mal com a água (que só tomamos de garrafa) ou com a comida, e não por causa de seus temperos, mas muito provavelmente pelos ingredientes não estarem bem lavados. Chegamos a descobrir que não se pode confiar nem em água engarrafada com lacre, pois eles conseguem adulterar tudo, então não tínhamos muitas opções.
Andando pelas ruas éramos abordados o tempo todo por indianos supostamente amigáveis, que vinham perguntar se precisávamos de ajuda para alguma coisa, mas na verdade queriam nos empurrar para os escritórios de turismo não oficiais, inclusive soubemos que alguns deles robam seu passaporte e possivelmente “algumas cositas más”. O próprio gerente do hotel nos disse enfaticamente logo que chegamos: “Não confiem em ninguém! Por mais que pareçam amigos, falando um bom inglês, não dêm bola!” E nas poucas vezes que decidimos confiar o resultado foi dasastroso.
Não queremos amedrontar ninguém que queira ir a Índia, mas se deve estar preparado e mochilar não é uma boa. Caso queira visitar o país organize sua viagem toda por agências de confiança para que seus tranportes sejam todos providenciados sem preocupação. Não vimos turistas ao andarmos de metro e na maioria dos lugares que passamos éramos verdadeiros alieníngenas, caras feias e pessoas nos senguindo eram coisas comuns, chegaram a mexer conosco várias vezes, parando na nossa frente e fazendo gesto feios… bom, não estamos inventando uma vírgula ou aumentando a história.
Nova Délhi tem partes bonitas e interessantes mas deve-se procurar o melhor os meios corretos para visitá-las. No terceiro dia descobrimos o ônibus Hop on – Hop off, em que você pode subir e descer onde quiser e quantas vezes quiser em um dia, fazendo um trajeto pelos principais pontos da cidade, sem dúvida é a melhor opção para conhecer a cidade. Engraçado que o pessoal do hotel não nos falou sobre o serviço, queriam vender os seus transportes a preços muitas vezes mais caro.
Aos que forem visitar a Índia planejem-se e contratem os serviços de hotel e transporte do país de onde partirem, caso contrário podem viver um pouco do que vivemos e voltar da Índia dizendo: “Bem, é uma experiência…”
Por Danilo España
Comments